Euclides da Cunha e Os Sertões

Fábio Nunes
2 min readNov 20, 2020

Os sertões de Euclides da Cunha antes de uma grande obra literária, é a denúncia de um crime. Não há dúvidas do quão importante esse livro foi e ainda há pra literatura e para história do Brasil, mas é uma obra de difícil leitura. O livro é dividido em três partes: “A Terra”, “O homem” e “A Luta”.

“A Terra” relata em minuciosos e vastos detalhes todos aspectos geológicos do ambiente onde se passara o grande conflito(s) — E em particular, é a parte de mais difícil leitura devido ao uso em demasiado de uma linguagem técnica e científica. Ler esse capítulo sem um conhecimento prévio de geografia mostra-se um grande desafio.

“E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas -o espasmo assombrador da seca.”

“O homem” relata as pessoas em que viviam nos sertões chamadas durantes o livro todo de Jagunços, e o quanto o meio em que vivia influenciava em seus modos de vidas. E é aqui conseguimos observar nos pormenores da narrativa o determinismo biológico e geográfico do Euclides da Cunha.

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.

“A Luta” relata todos o início do conflito que se tornou posteriormente no grande massacre que foi a guerra de Canudos. Aqui fica evidente, se observamos o contexto histórico do ocorrido, que a República recém-formada do Brasil estava incomoda, e ao total foram 4 expedições para subjugar essa população, onde as 3 primeiras foram completamente desastrosas e que, por fim, acabaram dando força ao povo de Canudo, mas seu defecho é completamente trágico e sanguinolento. A leitura dessa parte do livro é algo absurdo e lúgubre.

Ao final da leitura o leitor assim como o autor percebe o quão desproporcional foi esse conflito, e completamente sem razão. Euclides da Cunha escreve ao início:

“Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.”

e ao final:

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens-feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.”

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