Desperdício de espaço

Fábio Nunes
3 min readFeb 18, 2018

Tenho a certeza que em dias atuais mediante a tantas descobertas de exoplanetas em outros sistemas solares, e até mesmo planetas em outras galáxias, uma velha indagação da humanidade ganha ainda mais força: estamos sós no universo?

Há quem diga que já tem a resposta pra essa pergunta alegando que raças extraterrestres inteligentes estão nos visitando ou, em algum passado remoto já nos visitaram. Mas será que isso se verifica? O grande problema dessas teorias conspiratórias que fazem tais afirmações é que elas são mirabolantes: Há muitas alegações extraordinárias com uma base de evidência muito escassa, quando não impossível de se verificar. E dentro da ciência uma das principais máximas utilizadas para verificar-se uma teoria é que “alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias”.

Mas isso de forma alguma invalida a possibilidade de que vida inteligente esteja em algum lugar no universo, afinal ausência de evidência não é evidência de ausência. E aí então que começamos conjecturar sobre a vida para além da vida terrestre.

Sabemos que o universo é grande, e que encontramos sem muita dificuldade os elementos básicos da tabela periódica para que possibilite a existência de vida. Também sabemos que o Sol é apenas só uma estrela dentre as aproximadamente 100 — 400 bilhões de outras estrelas dentro apenas da nossa via Láctea. E para cada estrela que se há na via Láctea, há uma outra galáxia lá fora com outras bilhões de estrelas. Assim então estima-se que o total de estrelas no universo é entre a faixa de 10²² e 10²⁴, o que significa que para cada grão de areia que possuímos na Terra, há outras 10 mil estrelas no universo.

Não há um consenso entre a comunidade cientifica, mas estima-se que há pelo menos 5% das estrelas são como o Sol: similar em tamanho, temperatura e luminosidade. Mas então pense que essa porcentagem de um número de um total de estrelas (10²² por exemplo), ainda é um número muito grande! Ou seja, há pelo menos 500 bilhões de estrelas iguaizinhas ao Sol no universo.

Outro debate que se tem, é de quantas dessas estrelas dentre esses bilhões, podem haver um planeta semelhante à Terra, com temperatura similar para que se possa haver água líquida e assim potencialmente dando suporte para o surgimento de vida. As estimativas são bastante otimistas, uns cientistas dizem que é entorno de 50% e outros são mais conservadores e dizem que é entorno de 22%. O que sugere que planetas potencialmente habitáveis semelhantes a Terra orbitam um total de 1% de todas as estrelas no universo, cerca de 100 bilhões de planetas semelhantes a Terra.

Imaginemos agora que depois de bilhões de anos, 1% desses planetas potencialmente habitáveis, desenvolveram a vida. E imagine que 1% desses planetas em que a vida conseguiu se desenvolver, a vida conseguiu desenvolver a um estágio mais avançado, dotados de inteligência, bem como surgiu aqui na Terra. O que significaria que há pelo menos 10 milhões de bilhões de civilização inteligente em nosso universo observável. Mas não vamos pensar tão grande, pesaremos apenas na nossa pequena galáxia: haveria 1 bilhão de planetas semelhantes a Terra, e desse 1 bilhão haveria pelo menos 100 mil de civilizações inteligente.

Mas e então, cadê todo mundo? A resposta mais comum que se há, é que não sabemos.

Particularmente acredito que o universo está repleto de vida, não muito complexa, mas vida. É probabilisticamente possível que civilizações com inteligência e tecnologia avançada exista. É assustador pensar que não exista vida inteligente além da nossa, da mesma forma que pensar que há milhões de civilizações avançadas. Há diversas formas de como a vida pode surgir como também há tantas formas deles serem destruídas, mas por algum motivo que não sabemos, não conseguimos encontrar nenhuma forma de vida para além da nossa própria existência.

Sou uma pessoa muito otimista quanto a isso, afinal, “Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço.”

Nota:

  • Pretendo continuar a fazer uma série desse texto apresentando as conjecturas do paradoxo de Fermi, que basicamente apresentam teorias do porquê ainda não conseguimos detectar nenhuma vida inteligente no universo.

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