29 de Junho.

Fábio Nunes
2 min readJun 30, 2019

Hoje não fiz muita coisa de certo. Passo o dia em casa tentando me despreocupar com as coisas que me afligem, busco meios e forma de me distrair, um subterfúgio… mas sem muito sucesso.

Perto de cair no sono, meus pensamentos me surgem como uma vertigem, me deixam tontos, angustiado, nauseado. Estou complementarmente imóvel na minha cama, enquanto essa náusea me acomete de maneira arrebatadora, feito marteladas em toda a essência de quem eu sou.

Não demoro muito a perceber o quão patético e venho sendo em toda minha vida. Não demoro muito a perceber o quão medíocre eu sou em todas as coisas que eu me proponho a fazer. Não demora muito perceber que todos meus esforços pra tentar mudar coisas, não são mais do que meras frivolidade oníricas na esperança de dias melhores. Não demoro muito a perceber toda a minha irrelevância, minha insignificância perante ao meio em que vivo.

Tudo me desagrada. Tudo me incomoda. Tudo me desanima e me tira a potência de viver. Eu já não sei quem sou. Mas meus pensamentos são o que sou: eu penso logo existo. Eu existo porque penso… nesse momento é assustador viver, e eu não consigo parar de pensar. Estou horrorizado.

Nesse ponto da noite o sentimento de solidão também chegou-me e ocupou um largo espaço em mim. Nunca me senti tão só em minha vida, e não é nem pelo a fato de não ter amigos — sei que tenho amigos e que de alguma maneira, mesmo que pequena, se importam comigo. O sentimento de solidão é muito mais devido ao fato de saber que nunca ninguém vai conseguir me ajudar a não ser eu mesmo.

Vou em frente ao espelho que há em meu quarto e vejo meu reflexo. Eis o meu rosto: não há muitas características que me agradem, mas também não me é de desagradado ao todo, embora eu passe a maioria dos dias detestado aquilo que vejo em relances de reflexos. Mas vou além, tento pensar naquilo que sou como pessoa, mais uma vez. Eis o que sou: uma pessoa ordinária tentando compreender um mundo não ordinário. Vejo que constantemente sempre estou em buscar de me tornar aquilo que anseio, mas ao mesmo tempo nunca sou aquilo que espero ser. Mas afinal, não é isto que a visão sobre nós mesmo nos dá?

As coisas estão mais difíceis do que jamais imaginei que seria. Não sei que mais o que me dá forças pra continuar nessa jornada árdua quase que sem rumo. O que faz me faz perdurar? Coragem ou a ausência dela?

E agora nesse instante, junto às minha lágrimas e angústias, irei pôr-me forçosamente à dormir. Quero parar de pensar, quero parar de existir – mesmo que por um breve instante. Outro dia quem sabe eu encontre algo que me dê alguma motivação pra seguir em frente

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