02 de Julho.

Fábio Nunes
3 min readJul 3, 2019

Hoje o dia foi atípico em Manaus, no sentido de que na época que estamos vivenciando, a cidade de Manaus fica repleto de longo dias ensolarados e demasiados quentes. Mas hoje foi diferente, foi um dia nublado com direito a chuva e tudo o que se pode esperar de um dia chuvoso, inclusive a atenuação da melancolia. Mas apesar de toda a melancolia, hoje não quis ficar triste, pelo menos não nesse dia. Ando passado por muito dias sucessivos de tristezas, e hoje não quis ficar vulnerável a experimentar mais uma vez todas essas aflições. Mas acontece que fiz tudo errado.

Deveria me ocupar de alguma forma para não ficar suscetível à pensamentos destrutivos, e era o que eu faria indo a para faculdade estudar – ando num período muito conturbado, muitos deveres e afazeres. Mas de maneira totalmente inconsequente, resolvi ficar em casa. Não queria fazer nada.

Não queria fazer pelo fato de estar me sentido muito fatigado intelectualmente, já não tenho tanta disposição para me focar em coisas que requer todos os meus esforços para que eu consiga absorver algo. Junto à isso, também acumula-se todas as frustrações que venho carregando por está dedicando-se quase que inteiramente à algo, mas acabo não tendo nenhum retorno satisfatório. Tudo isso culminou nesse dia. Tudo isso me ocupou logo quando acordei pela manhã às 6:30 da manhã.

Não fiz nada. Alguns poucos momentos de tristeza, mas logo esvaiu-se. Fiquei em uma espécie de limbo. Não sentia nada, e tampouco não queria sentir nada. O dia avançou, e até tive algumas divagações proveitosas.

Pus-me a pensar o quão somos protagonistas de nossas vidas. O quanto todos nós agimos e pensamos sobre tudo no mundo, de forma que sempre somos o cerne de todas as consequências que poderão se suceder: todas as nossas escolhas, valores e atitude são baseadas em como nos se enxergamos perante ao mundo. Muito embora muito dessas coisas não necessariamente nos tragam algum benefício ou malefícios, sempre estamos fazendo aquilo que julgamos está correto, baseado na projeção que você faz sobre si das consequências daquele ação que você tomou. E disso emerge todas as tuas aspirações, de como por exemplo, da pessoa que você imagina deve ser, pra ser a mais próxima daquilo que você idealiza. Vou um pouco mais a fundo, penso que também que há muitas coisas externas que não estão em nosso escopos de concernimento, e que por isso, não há muito o que se possa fazer, pelo menos não a priori. Mas disso percebo que até mesmo a forma de como as coisas nos ocorrem, também passa pelo crivo de projeção que nos fazemos sobre si mesmo. Voltando então à ideia de todos nós individualmente somos o cerne de todas as coisas. Poder-se-á debater-se de como alguns valores sobre morais surgem, como empatia e altruísmo por exemplo, mas acredito que sempre retornaremos ao início dessa minha tese.

Como o passar da divagação, surgiu então o momento de instropecçao – o momento que pego toda a ideia que tive e me vejo através dela. Percebo que embora eu sei que eu seja o protagonista da minha vida, eu já não tenho mais nenhuma aspiração, já não consigo me projetar como alguém no futuro, e que de alguma forma já me contentei e conformei de como as coisas me ocorrem. Literalmente eu só estou vivendo, de forma vazia, agindo dias após dias com ações automáticas e irrefletidas.

Isso de certo não é nenhum conclusão que me agrada. Não quero que esse sentimento perdure por muito tempo. Quero sentir que eu sou um ser vivente, que tenhas desejos e aspirações, principalmente conseguir-me enxergar futuramente. Mas já é tarde, é próximo de 00:00 e preciso dormir pois amanhã será outro dia que preciso acordar cedo, para tentar mais uma vez me ocupar e não ter que passar o dia todo trancafiado no quarto a pensar em coisas que só me deixam ainda mais desconfortável comigo mesmo.

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